Novo decreto de hoje, 26 de março, define outras atividades como essenciais durante a pandemia do Covid-19: igrejas e lotéricas. Além disso, permite interpretação subjetiva sobre quais atividades exigem a presença ou não do trabalhador bancário nas agências.
O governo ainda não entendeu seu papel perante os problemas de saúde, acreditando que as mais de 20.000 mortes ocorridas no mundo até o momento representam uma simples “gripezinha”.
No dia 20 de março, o governo editou o Decreto nº 10.282, regulamentando a Lei nº 13.979, de 06/02/2020, definindo os serviços públicos e as atividades essenciais durante a pandemia do Covid-19.
Não contente, e na total contramão do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde, o governo altera de forma ampliativa a relação de atividades essenciais, editando o Decreto nº 10.292, de 25/03/2020.
Especificamente para o trabalho bancário, a redação ficou a seguinte:
Art. 3º (…)
§ 1º (…)
XX – serviços de pagamento, de crédito e de saque e aporte prestados pelas instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil
XXV – produção e distribuição de numerário à população e manutenção da infraestrutura tecnológica do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro;
O decreto anterior estabelecia como essencial a compensação bancária, redes de cartões de crédito e débito, caixas bancários eletrônicos e outros serviços não presenciais de instituições financeiras e o transporte de numerários.
A nova redação excluiu a expressão “e outros serviços não presenciais de instituições financeiras” permitindo interpretação subjetiva sobre quais atividades exigem a presença ou não do trabalhador bancário nas agências.
Não bastando, também incluiu as unidades lotéricas como atividade essencial, inciso XL do art. 3º.
Por fim, o item mais absurdo é a inclusão do inciso XXXIX ao art. 3º, considerando como essenciais “atividades religiosas de qualquer natureza, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde”, o que demonstra que o fanatismo religioso do Executivo Federal se sobrepõe a qualquer estudo científico.
O Governo Federal ainda não entendeu seu papel perante os problemas de saúde da pandemia, acreditando que as mais de 20.000 mortes ocorridas no mundo até o momento representam uma simples “gripezinha”.