2022 é o ano das centenas.
Bicentenário da Independência e centenário da Semana de Arte Moderna.
Dois eventos separados, entrelaçados, e que exigem revisita.
São dois rompimentos de ordem, rompimentos com o velho.
A Independência solidificando um novo País – ainda hoje líquido.
A Semana (e no correr do ano certamente se aprofundará a discussão sobre se foi ou não tão pioneira assim) rompendo com as fórmulas culturais então estabelecidas, com as regras formais do passado, que acorrentavam o desenvolvimento artístico, tentando construir um futuro de independência cultural.
A renovação estética, iconoclasta, inspirada nas transformações vanguardistas europeias, foi fruto da ação de um conjunto de artistas e intelectuais, do porte de Oswald e Mário de Andrade, Anita Malfatti, Graça Aranha, Sérgio Buarque de Hollanda e outros.
Ainda hoje nos beneficiamos de seu pioneirismo e da agitação cultural daquela década, mas é necessário seguir adiante. A cultura e a arte são mais significativas quanto mais próxima estão do povo, quanto mais se descobrem nas frestas e nas pedrinhas miudinhas; cem anos depois precisamos seguir os Krenaks, os Simas, os Emicidas, os Criolos e tantos outros que talvez tivessem sido barrados às portas do Teatro Municipal na gloriosa noite de 13 de fevereiro de 1922.
Nossa independência precisa evoluir de nível, com o aperfeiçoamento de nossas instituições democráticas e o combate prioritário à desigualdade, encerrando o capítulo autoritário e negacionista de nosso segundo centenário.
Comemoraremos ainda outros centenários: do nascimento de Saramago, Brizola e Darcy Ribeiro; da fundação do PCB e do falecimento do pré-modernista Lima Barreto.
Inauguremos um novo centenário, sem “fake News”, sem negacionismo, com valorização da cultura popular.
Por um 22 libertador!