Os bancários e as bancárias da Caixa Econômica Federal são conhecidos por terem uma série de direitos reconhecidos em acordo coletivo. O que muitos não sabem é que tais direitos foram conquistados, disputados, construídos e estabelecidos ano a ano, com muito engajamento da categoria e seus sindicatos.
A preparação da minuta de reivindicações é um processo importante nessa construção, tanto para os trabalhadores quanto para as assessorias jurídicas, que nesse momento estão atentas para prestar a melhor análise jurídica possível. Uma vez pronta, a minuta deverá ser entregue para a FENABAN, dando início às rodadas de negociação que culminarão na convenção coletiva nacional e em acordos coletivos de trabalho aditivo. (Veja abaixo a Minuta de reivindicações)
No último dia 18 de junho, a minuta de reivindicações dos trabalhadores da Caixa foi entregue pelo movimento sindical para a entidade que representa os bancos e o sistema financeiro, Fenaban. As reivindicações serão objeto de negociação entre bancos e empregados até o fim de agosto, pois a data base da categoria é 1º de setembro, data que deverá iniciar a vigência de uma nova convenção coletiva e acordo coletivo.
Conforme explicou Juvandia Moreira, Presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf – CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, “Nossa pauta é por emprego, por aumento real, por participação nos resultados, mas também é uma pauta pelo país, para que o Brasil tenha crédito mais barato e possa crescer, para que possa ter investimento público, investimento privado, geração de emprego e renda”.
Minuta de reivindicações
As reivindicações apresentadas para os representantes patronais foram fruto de um intenso projeto de escuta que envolveu 47 mil bancárias e bancários por meios digitais, encontros regionais e o Congresso Nacional.
Os pontos definidos foram:
I. Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos;
II. Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas;
III. Representação de todos os trabalhadores do Ramo Financeiro;
IV. Defesa dos empregos, impactos dos avanços tecnológicos no trabalho bancário;
V. Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda;
VI. Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR;
VII. Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva;
VIII. Ampliação da sindicalização;
IX. Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com esta pauta.
Saúde e inteligência artificial
Entre os assuntos que mais preocupam os bancários estão a saúde e a inteligência artificial. O primeiro tema é ligado ao passado e ao presente já que a curva de adoecimento, principalmente mental, de trabalhadores bancários vêm se deteriorando frente às metas abusivas, assédios e novas formas de gestão.
Já a inteligência artificial, o segundo tema, é preocupação do presente e do futuro da categoria. O uso da inteligência artificial ainda é pequeno e ainda assim já compromete empregos e impacta o trabalho no ramo financeiro. Trabalhadoras e trabalhadores desejam discutir a utilização da tecnologia e moldá-la para o bem do trabalho e dos clientes, e não só como ferramenta de ganhos para os bancos.
Nesse sentido, Juvandia Moreira ressaltou a necessidade de uma negociação coletiva que vise o bem-estar dos trabalhadores em decorrência do alto índice de adoecimento dos bancários, bem como a influência da inteligência artificial no sistema financeiro bancário.
O que esperar das negociações
O lucro dos bancos teve um aumento de 5% em 2023 com relação a 2022, de acordo com o Relatório de Economia Bancária divulgado em 6 de junho pelo Banco Central. Conforme explica Meilliane Vilar, Sócia da LBS Advogadas e Advogados que acompanhou o lançamento da mesa de negociação, sinaliza que, diante dos altos lucros dos bancos, é justificável que haja uma boa negociação salarial, com reposição integral da inflação do período.
Espera-se também o acolhimento de propostas que aumentem o rol de direitos já existentes para os trabalhadores do Ramo Financeiro.
Brasília, 25 de junho de 2024.